Apenas o grito a assistir à sua extinção.

Sunday, May 29, 2016

Experienciar


Vivemos o procurar de experiências.
Experiências que nos tragam a felicidade, realização, adrenalinas, ocitocinas, na verdade é tudo uma questão de hormonas, estímulos e cadeias de sensações.

Felicidades efémeras, que logo se torna a recordação de alegrias que são passados.
No presente, apenas a memoria... que nos caracteriza e nos torna o que pensamos ser.
Passamos a ser o acumulo de matéria e memórias.

Identidades, que defendem éticas pensadas, estruturas, hierarquias, posições, gostos, desejos, aspirações, sonhos, imagens... e procuramos saber. Saber é importante.
Acabamos por fazer incluir a educação/aprendizagem/cultura/valores com o nível de escolaridade. E continuamos a trazer ao mundo, sem discernimento, seres, que são a consequência das vontades, a uma realidade alheia ao ser humano íntegro.

Onde nos perdemos para nos encontrarmos tão distantes de nós mesmos?

Associamos inteligência a quem possui muito conhecimento. Sobre tudo e todos.
Saber, saber mais... estar informado, é viver do atrito... e somos bombardeados com conhecimentos, conteúdos aos quais damos muito valor, mesmo sem saber porquê.
E achamos que chegar a algum nível elevado de todas estas qualidades, será a tradução de auge da existência. Mas a felicidade continua a ser vivida aos soluços, pois existem sempre outras experiencias cada vez mais estimulantes, ou atractivas, exóticas, esotéricas... mais imagens, mais reconhecimentos, mais passados de presentes mornos, mais presentes mornos de passado. Ilusoriamente seguros. Num mecanismo onde se reproduzem padrões, só porque vivemos num sonho, no qual apenas temos que acordar. E tudo se repete, numa cega perspetiva de melhoramento.
Não existe alegria que dure, nem tristeza que perdure nesta existência incompleta e instável.
Tudo se experiencia e se julga viver intensamente, por viver situações que disparem a adrenalina.

Viver intensamente é viver, no aqui-agora, atento a si e aos seus sentidos, pensamentos, emoções... mas sem passado, sem identidade...
viver conectado com o coração e mente na mesma proporção, atento que somos a entidade que assiste a tudo. É desta conexão que sai a acção. É neste eixo de existência sintónica, naturalmente ordenada, que somos. É neste alinhamento que passamos a ter noção do poder que possuímos. Por o sentirmos vibrar.

É isto o viver de quem sabe quem é? Ou será isto o viver numa ideia sugerida e adoptada pelo sistema?















 

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