Apenas o grito a assistir à sua extinção.

Sunday, May 22, 2016

Assistir I


Os extremos são reflexo do ego. Manifestação egoica, sem consciencia dela mesma.

Nessa percepção, a expressão “ é no meio que mora a virtude” tem um significado pleno.

E aquilo que é, no agora é o concretizar dessa compreensão. Percepção profetizada à anos. E cheguei a sofrer por antecipação, imatura… por saber de um futuro onde perderia para sempre a beleza da poesia e de qualquer outra arte do Homem.

Sorrio.

Sofrer por antecipação – sofrer com a ideia de uma ideia de um futuro.

Uma ideia destinada à fragmentação do que era. Pela natureza fragmentada do que é uma ideia.

Hoje, no agora, confirmo a profecia. Morreu a ideia da arte, mas ela não parou de falar comigo. Fala agora uma língua mais clara, menos confusa, mais ordenada. Pois ela é arte, apenas e só porque existe o espectador. E só encontramos significado, porque o procuramos.

E essa sempre foi minha incompatibilidade com o mundo da arte. Pois no mundo, como na arte, o Homem que a pensa, só a reconhece quando a compreende, assim que se forma o conceito. Passou-se a fazer arte, tendo como base a ideia. Sem conceber outro principio... outro centro...

A arte que assino não é reconhecida, pois ela é só consequência da espontaneidade, sem premeditação. Considerado apenas um desenho bonito, por não ter ideia subjacente, logo nulo. Indigno de reconhecimento no passado que é o pensamento. Irreconhecível como arte, no mundo conceptual que se faz existir pendurado numa ideia. Ironico!

Uma nulidade conceptual que se faz existir por ideia nenhuma.

E este é o conceito do não conceito e por isso, um conceito ainda assim. E tudo se repete. A mente traduz tudo com o passado.

E este é o conceito do não conceito da arte que assino. Sem novidade, como toda a arte que é... ela é só a expressão do já conhecido e se já é conhecido/reconhecido, não há novidade em nada que se classifique de arte. Pois o pensamento que a pensa, não é novo. É apenas o produto do acomular de informação, memória, comparação. Não há novidade.

 Novidade é o momento que deixa de existir após o reconhecimento.

Espantem-se as mente incautas, a arte é repetição quando nela se procura o porquê, pois a mente que procura nela respostas,  sofre dessa limitada natureza.

E não imaginam como a vida é simples e ordeira quando o entendimento do que somos, acontece em nós. Chega a ser trivial de tão previsível.

O espelho que se repete em si, sendo fragmento do todo que é.

Kkkkk loucos são os lúcidos kkkkkkkk

Só o grito a assistir sua extinção.


Assistir II (continuação)

Quando "tem que se fazer", "tem que se ser", quando "temos de"... esse espaço de tempo, indica que não estamos a senti-lo. Estamos num suposto futuro, que só não o é, porque não se sente com o coração. Ao contrario, pensa-se. Como uma ordem que tem que ser cumprida, imposta ao curso natural das coisas. É em si conflito, que só pode gerar conflito.
Observa-lo é respeitar e seguir o curso de vida com a percepção e a compreensão de todo o equilíbrio em constante movimento.

Quando se tira a ultima máscara que nos leva ao agora, a verdade é a única razão que nos sustenta. A maravilhosa percepção do infinito em nós é assombroso. Nossas células respiram e podemos senti-lo.

Observar nossas impaciências e aceita-las pois são nossas. Apenas o exterior a reflectir o interior. E ter a seriedade de observar e assistir à diluição completa da emoção.

Por isso o caminho do meio, ser o virtuoso. Longe de extremos emocionais, longe da ilusão.
Daí a previsão da morte da arte/emoção... do perfume da poesia... saudosismo do romantico espiritual de Pessoa... pronuncio da nascida lucidez, do brilho e cadencia de quem atravessou um portal... para um mundo onde a cor vibra...

Seja qual for o timing de vocês, que todos sejam a felicidade em tudo o que fazem.

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